terça-feira, 17 de maio de 2011

Não basta ser honesto, tem que parecer honesto. Ministro Palocci deve explicações.

Foi publicada no dia 15.05.2011 no jornal Folha de São Paulo notícia que o Ministro da Casa Civil Antonio Palocci multiplicou seu patrimônio por 20 vezes nos últimos 4 anos. Leia matéria na íntegra abaixo reproduzida.

A Comissão de ética do Governo já declarou que não fará qualquer investigação sobre o caso, pois o Ministro havia feito as declarações de bens e os recolhimentos de impostos regularmente, não havendo motivo para levar o caso adiante. Dilma disse que estava satisfeita com as explicações de Palocci. 

A quem esta Comissão pensa que convence? É claro que Palocci fez tudo certo, ele não é bobo nem incompetente. Declarou e recolheu impostos e adaptou sua empresa para ser compatível com a função do Ministro. Mas não é isto que está causando clamor nem mau estar coletivo.

A pergunta que não quer calar é outra:
Como ele multiplicou em 20 vezes seu patrimônio em 4 anos? 
Quem o contratou? quanto pagou? que serviço foi feito?
Afinal, nestes 4 anos ele também exercia a função pública de deputado federal.
Não dá para responder? É quebra de sigilo? Se ele quiser ele declara.  

Uma outra pergunta que não deixa de habitar nosso imaginário: Por que Palocci vai largar tudo  para receber um salário de Ministro de Estado, que não é lá estas coisas se comparado ao que a sua empresa PROJETO conseguiu arrecadar?

Amor à pátria e à causa pública?

Segue também abaixo a opinião de Fernando Barros e Silva, publicado na Folha de São Paulo de hoje, 17.05.2011, "Um petista neoclassico",  na qual o jornalista faz este questionamento. 

Palocci tem que ser transparente. Ele já foi Ministro da Fazenda de Lula e também esteve envolvido em processos de quebra de sigilo bancário de seu caseiro. Para manter credibilidade do governo ele precisa ser e parecer honesto.



 
Palocci multiplicou por 20 patrimônio em quatro anos 

Chefe da Casa Civil comprou apartamento de R$ 6,6 milhões antes de assumir
Imóvel foi registrado em nome de empresa que ministro criou para dar consultoria quando era deputado federal

ANDREZA MATAIS
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA

Semanas antes de assumir o cargo mais importante do governo Dilma Rousseff, o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) comprou um apartamento de luxo em São Paulo por R$ 6,6 milhões.

Um ano antes, Palocci adquiriu um escritório na cidade por R$ 882 mil. Os dois imóveis foram comprados por uma empresa da qual ele possui 99,9% do capital.

Em 2006, quando se elegeu deputado federal, Palocci declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio estimado em R$ 375 mil, em valores corrigidos pela inflação. Ele tinha uma casa, um terreno e três carros, entre outros bens.

Com o apartamento e o escritório, Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio nos quatro anos em que esteve na Câmara -período imediatamente posterior à sua passagem pelo Ministério da Fazenda, no governo Lula.

Nos quatro anos em que exerceu o mandato de deputado, Palocci recebeu em salários R$ 974 mil, brutos.

A quantia é insuficiente para pagar os dois imóveis que ele adquiriu. Os dois já foram quitados, de acordo com documentos aos quais a Folha teve acesso.

Procurado pela reportagem, Palocci disse que as compras foram feitas com recursos da sua empresa, a Projeto Administração de Imóveis. O ministro da Casa Civil não quis identificar seus clientes nem informou o faturamento da empresa.

Palocci abriu a Projeto com sua mulher, Margareth, no dia 21 de julho de 2006, duas semanas depois de encerrado o prazo que tinha para entregar sua relação de bens à Justiça Eleitoral. Por esse motivo, a empresa não apareceu na declaração.

CONSULTORIA

Segundo os registros da Junta Comercial, a Projeto foi criada como consultoria e virou administradora de imóveis dois dias antes de Palocci chegar à Casa Civil. O ministro disse que os dois imóveis que comprou são os únicos que a Projeto administra.

A empresa tem como sede o escritório que Palocci comprou antes do apartamento.

Ele foi adquirido em 11 de dezembro de 2009 e fica num prédio na região da avenida Paulista, uma das áreas mais valorizadas da capital.

O apartamento fica perto dali, nos Jardins, bairro nobre da zona sul. Ocupa um andar inteiro do edifício, tem quatro suítes e 502 metros quadrados de área útil, mais cinco vagas na garagem.

Palocci comprou o apartamento direto da construtora e pagou o imóvel em duas parcelas, uma de R$ 3,6 milhões e outra de R$ 3 milhões.

A propriedade foi registrada no nome de sua empresa em 16 de novembro de 2010.

Segundo vizinhos, Palocci mora atualmente no apartamento. Os moradores do prédio pagam taxa de condomínio de R$ 3.800 mensais.

"POUCOS BENS"

Ao assumir, todo ministro deve informar seus bens à Controladoria-Geral da União e ao Tribunal de Contas da União, além de autorizar o acesso às suas declarações de Imposto de Renda.

Palocci disse à Folha que encaminhou à Comissão de Ética da Presidência da República todas as informações sobre a Projeto e as propriedades que a empresa tem.

Na autobiografia "Sobre Formigas e Cigarras", lançada em 2007, Palocci se descreveu como um homem de "poucos bens" e manifestou "indignação" com "boatos" que circularam sobre suas finanças pessoais no passado.

Palocci deixou o cargo de ministro da Fazenda em março de 2006, depois de se envolver no escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que trabalhou numa casa que Palocci frequentava com amigos e lobistas em Brasília.

Em 2006, o ministro vivia numa casa em Ribeirão Preto, no interior paulista. Em sua declaração à Justiça Eleitoral, ele estimou em R$ 56 mil o valor da casa, que ainda pertence a Palocci. Corretores da cidade calculam que o imóvel vale R$ 550 mil hoje.

Colaborou ARARIPE CASTILHO, de Ribeirão Preto


FERNANDO DE BARROS E SILVA
Um petista neoclássico


SÃO PAULO - O ministro Antonio Palocci comprou um apartamento de 502 m2 nos Jardins. Estilo neoclássico. Tudo bem, gosto não se discute. Mas até nisso, no prazer de novo rico pela ostentação, o PT se confunde com a direita.

O problema, é óbvio, está no valor do imóvel: R$ 6,6 milhões, pagos em apenas duas prestações (R$ 3,6 milhões, mais R$ 3 milhões). Coisa de milionário.

Não parece trivial que o ministro-chefe da Casa Civil, semanas antes de assumir o cargo, tenha adquirido este apartamento. Como revelou reportagem da Folha no domingo, em quatro anos Palocci multiplicou por 20 o seu patrimônio. Foi o período em que exerceu o mandato de deputado federal pelo PT, quando recebeu R$ 974 mil brutos.

Que Palocci é muito bem relacionado já sabíamos. Sua campanha à Câmara em 2006 custou, oficialmente, R$ 2,4 milhões, a maior parte vinda do bolso de banqueiros.

Ele precisa explicar, porém, o que, exatamente, fazia a sua empresa enquanto ele trabalhava pelo país. A Projeto, responsável pela compra do apezão de luxo, foi criada como consultoria e virou administradora de imóveis dois dias antes de Palocci chegar à Casa Civil.

Se alguém ainda duvida de que o caso precisa ser investigado, basta ler o que disse o vice de Dilma, Michel Temer: "O PMDB confia plenamente na lisura do procedimento de Palocci e estará ao lado dele". Se o PMDB confia, é bom desconfiar.

Um dos políticos mais influentes do país na última década, Palocci é hoje um medalhão blindado. Praticamente deixou de falar em público depois da violação do sigilo do caseiro, que o derrubou da Fazenda em março de 2006. Mesmo "reabilitado" pelo STF, que o inocentou no caso em agosto de 2009, manteve firme seu culto à discrição.

O apartamentão espalhafatoso vem dar outro sentido à continência verbal e à figura esquiva do ministro. Palocci não é, nunca foi, um mensaleiro vulgar, longe disso. Palocci é um petista neoclássico.

Um comentário:

Nilo Geronimo Borgna disse...

Parbens pelo seu blog comunico que compartilhei o link com o meu(nosso).
Qualquer cois escreva:
Nilo G Borgna
Http://ativismocontraaidstb.blogspot.com