domingo, 25 de março de 2012

A diferença entre um juiz e um executivo de grande empresa está na possibilidade deste ser demitido

Elio Gaspari está danado de bom neste domingo, dia 25.03.2012 na Folha de São Paulo. Já postei a nota que escreveu sobre o ego de Lula e sobre a construção de instituições economicas inclusivas. Agora chegou a vez do Poder Judiciário de São Paulo e de seu presidente Desembargador Ivan Sartori. A nota irônica ao criticar os argumentos que o desembargador tem usado para defender o Tribunal de Justiça e as irregularidades apontadas.

O fato de saber que um juiz da Suprema Corte de Nova York recebe o correspodente ao salário de um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo é mais do que suficiente para firmar minha opinião sobre a necessidade de escancarar a caixa preta do judiciário bandeirante.

Por que os desembargadores de Nova York conseguem viver com aquele salário e os nossos aqui vivem a criar artifícios e a usar argumentos indecentes sobre os alegados baixos salários? Como bem disse Elio Gaspari: Tudo ficará melhor quando a luz do sol bater na lista dos desembargadores de todos os Estados que receberam indenizações antecipadas. Com os nomes, os valores e as taxas de juros que os produziram.


Sartori é um mau defensor do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Elio Gaspari



O presidente do tribunal defende seus pares com argumentos que enfraquecem a magistratura

O DESEMBARGADOR Ivan Sartori, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, é um defensor de sua corte. Pena que em algumas formulações enfraqueça a própria causa.
Em entrevista à repórter Laura Diniz, Sartori queixou-se dos vencimentos da magistratura:
"Quanto ganha um alto executivo numa empresa privada? R$ 80 mil por mês. Quanto ganha o presidente da Petrobras? Deve ser mais de R$ 45 mil por mês. O juiz ganha R$ 24 mil (US$ 173,3 mil anuais). Não é um salário à altura do cargo".
Um executivo de grande empresa brasileira ganha em torno US$ 450 mil anuais. Eles têm contratos individuais. Empresário que dá desfalque pode ser demitido; juiz que vende sentença é aposentado, com vencimentos.
Num exemplo buscado na corporação de Sartori, à sua "altura", os juízes da Corte Suprema de Nova York têm salários de US$ 174 mil anuais, equivalentes aos mesmos R$ 24 mil mensais do doutor.
Na semana passada, Sartori achou que uma parte do problema do tribunal está na imprensa: "Eu vou falar. Temos o Conselho Nacional de Justiça, e vocês não querem o Conselho Nacional de Jornalismo. Ia ter mais responsabilidade". "Vocês" quem, cara pálida? Os jornalistas não são funcionários públicos nem ocupam posições inamovíveis numa carreira vitalícia. O conselho a que Sartori se refere teria o propósito de "orientar, disciplinar e fiscalizar" a atividade dos jornalistas. Defina-se "orientar". O CNJ não orienta os tribunais. Poucos jornalistas defendem a criação desse conselho e muitos acham bem-vinda a ideia da criação de um órgão, público ou, preferencialmente, privado, capaz de sancionar profissionais e empresas de comunicação. O pior dos mundos seria aquele em que, existindo um Conselho Nacional de Jornalismo, o presidente de um tribunal pudesse acioná-lo para "orientar" o noticiário.
Tudo ficará melhor quando a luz do sol bater na lista dos desembargadores de todos os Estados que receberam indenizações antecipadas. Com os nomes, os valores e as taxas de juros que os produziram.

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